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R[O]UÍDOS




Quando rui o ruído o que é?

E quando assombra e o silêncio
Em outro silêncio maior?
É um ruído mudo que silencia
Pois não há senão Ruídos

Se roer o ruído não há o que haver

Ontem, quando afoguei
O silêncio me matou
não a enchente em meus pulmões

No abismo o que mata é o fim do grito

Quando o silêncio me habita é porque morri
Um último ruído ruindo sempre em mim
Em
silêncio sigo o eco do ruído
O eco do ruído
É resto de ruínas
Mas ainda é mais
que o Não-ruído de morrer

Arruinados são os afogados
que morrem sufocados no silêncio

Quero morrer gritando
Quero morrer rouco
Ruindo rouco até morrer
Sem silêncio
Sem silêncio
Surdo de tanto ruído






Comentários

  1. Arruinados são os afogados
    li, reli, levantei,ansioso, resolvi,
    ouço o ranger das portas,
    choveu hoje á tarde,
    ando no escuro por entre algumas arvores
    quieto, silencio, pacificado
    espero minha hora, aquele segundo de satisfação
    atiro um pedra na janela da fabrica de caixas de papelão.
    agora, palpitante,posso ouvir meus passos largos
    sem silencio.
    estou em paz comigo
    volto pra casa.
    fecho a porta e durmo.

    onde fui mesmo depois daquela chuva ontem?

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CASULO

A cara no quadro na parede da sala da casa da rua Antônio Bezerra da cidade de São Paulo no Estado de São Paulo no Brasil na América do Sul no hemisfério sul no planeta terra no sistema solar na via láctea no universo... este mísero, ínfimo, infame, faminto universo fêmea em que a cara está presa pra sempre no quadro preso pra sempre na parede presa pra sempre na casa presa pra sempre na rua que prenderam pra sempre a um nome cujo dono ela nem conheceu - nem ela nem eu. Eu que olho minha cara presa na cara presa no quadro da parede que vai, aos poucos, ficando velha como o resto todo deste universo fêmea, faminto, infame, ínfimo e mísero em que me encontro sem espaço pra sobreviver a mim e a expansão do que há dentro em mim. Em mim, não no quadro nem na parede nem na casa nem na rua, muito menos no Antônio que emprestou o nome à rua que aprisiona a casa que aprisiona a parede que aprisiona o quadro que aprisiona a cara que aprisiona eu.

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