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Mostrando postagens de agosto, 2016

RETRATO-MUDO

Faz dias já que nem me reconheço mais cá de dentro do meu silêncio  turvo onde jaz  a palavra-porta que, aberta, é cais fechada é retrato-mudo  fadado  ao lilás da parede lilás que cerca... que nutre, mas  cega E de mim para mim fechou-se à chave  a porta de trás não a que nunca se abriu, mas só a que sequer existiu... Agora a porta escancarou o retrato-mudo mudou e a parede própria desprendeu-se - já... Agora  a fotografia revelou o que o olhar que nela está a se olhar por tanto tempo cegou: - revelou que no olhar atrás do olhar existe uma pirâmide, uma prisão um quarto vazio um assobradado E dentro um homem espelho carne assombrado por outra identidade nos olhos outro cartão postal e  digitais outras nos dedos mesmos nele, tudo é outrem tudo  ontem... tudo assombra nele tudo  sobra tudo  sombra.

AGRIDOCE

sou só um homem só que precisa da palavra nua, nau, aguda e suada... eu de alpargatas, ela em tailleur. - assim como quem anda e carece do passo: com ânsia militar e resignação - só pra não sufocar da própria respiração e da descomunal mediocridade que me faz igual ao que é igual tanto no agridoce, quanto no cordel tanto no saleiro quanto no sal.

NUNCA MAIS

Nos dias em que me chovo em mim assim... feito inundação seca feito saudade avessa fico eu feito feto sem útero feito foto sem câmera feito fonte sem água... Nos dias em que me seco em mim assim... feito afogamento em fogo feito saudade avulsa calo eu como quem cala como quem corta o próprio calo como quem caule sem folha nem raiz... Nos dias em que me perco em mim assim... vontade dá de nunca mais voltar nunca mais me habitar nunca mais mar nem cais... nunca mais .