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Mostrando postagens de 2011

POSSESSÃO

DESENCONTROS

Ontem acordei hoje - agora já sou ontem - e amanhã serei nunca mais!  Até lá, apenas pedaço.  Tudo é pedaço e despedaçados somos todos - pedaços em busca de pedaços - quebra-cabeças (e)ternamente incompletos -   com in plo tes  desencontros.
Disse-me: todos querem ter um poeta em casa! Disse: só os que não sabem o que é um poeta a poetar!
Acho que ser feliz é bem isso, sabe, esse eterno querer ser feliz. E não pense que é pouco. Continuar querendo ser feliz depois de tantos sonhos idos,  de tantos sonhos perdidos é muito. Muito mesmo. É isso aí: ser feliz é exatamente esse eterno querer ser feliz!  Quem quer muito ser feliz - já é.

AINDA

Por que será que entre tantos beijos é o seu que ainda busco? Queria conseguir amaldiçoar a hora em que seu beijo beijei - mas não posso Pois foi quando tudo fez sentido - uma vida toda - esperando só por seu beijo a me beijar - meigo e quente - como quem levita depois da queda Se for suicídio tudo isso que nem sei - que seja - que seja meu fim - não importa Nada mais importa - já não é meu o beijo que mesmo em sonhos me desperta Outros beijos tentam imitar seu jeito de me tocar tentam - em vão - por minha boca caminhar sem saber que são seus os caminhos e é ainda seu tudo que quero beijar e tudo que quero morder Preciso sentir seu peito a me ensaboar as costas pelo menos uma vez mais - depois a gente finge que nunca se viu e a vida há de seguir seu rumo sem você na minha e sem eu na sua duas vidas sem duas vidas - solidão? Nada - só é só quem nunca amou um janeiro inteiro e eu amei...
A coisa mais triste do fim é um acostumar-se com a ausência do outro... Não me deixe nunca achar tua falta  uma coisa normal Não é normal não te ter comigo forever - não é normal. Eu não quero nunca me acostumar com este cômodo vazio que se mudou para dentro de mim quando falamos de fim Estamos nos acostumando? E como vai ser ser de novo só eu? Não me ensine a ser de novo só eu - isto não quero aprender Não contigo - meu amor - que só doçura me ensinou.

SAUDADE

Hoje nem seu alô ouvi ao pé do meu ouvido... E me acinzentou o dia - chovia e o para brisa embaçou - chovia dentro do carro. Dentro de mim.  Eu embacei. Como eu sei que chegou ao fim o meu dia se faltou seu durma bem pra eu dormir bem? Vou fingir que a meia noite nunca há de chegar e que para sempre será 12 e será sempre abril no meu eterno janeiro e eu serei sempre seu. Hoje não posso nem escrever poesia. Isto? Não, isto não é poesia - É saudade.
Por que me dói assim a escolha que eu mesmo escolhi? Velha sensação nova Sinto como o menino que perdeu a mãe e não tem hora pra voltar. Sinto que o caminho de volta podia ser mais longo - afinal ninguém me espera. Pra que chegar em casa se não há ninguém a me esperar? Pra que me apressar e atravessar o sinal amarelo? Deixe que ele fique vermelho! Deixe que ele me pare e que parado eu fique. Por que é tão difícil um sinal vermelho entre nós? Por que eu quero tanto ser seu mais uma vez cada vez que acabo de ser seu? Brinca comigo agora, meu amor. Deixe-me fazer de conta que ainda sou seu namorado. Me conta uma história qualquer - daquelas que eu custo a acreditar - me mostra o pau brasil e o tempero mais mineiro ou então, pelo menos, ensina um jeito de eu ficar inteiro sem a minha metade que mora aí com você. Vem morar em mim de novo!

A VOZ

Onde está sua voz para ler meus poemas? De nada me valem os poemas se não tenho voz para lê-los. Pobres poemas ófãos - eles desconfiam de seu adeus e já não querem mais rimar. Pobres poemas órfãos! Ontem enquanto me lia para mim - e eu ouvia sua voz a me contar coisas de mim - esqueci que o tempo existe e que os amores nem sempre resistem. Ouvir sua voz é assim: decifra-me enquanto me faz esquecer das coisas, do mundo e de mim. Onde está sua voz me revelando devagar? Onde está sua voz que me morde e me arrepia quando diz meu nome sem falar?  Um eco ao menos, deixe-me um eco quando gritar meu nome antes de dormir.

O COLECIONADOR

AMANHÃ

Hoje não verei meu amor - hoje faz eclipse nos meus olhos - chovo pensamentos turvos. Sei que atrás das nuvens, existe um sol me esperando de braços abertos, sorriso nos olhos, brilho nos lábios. Quero um sol inteiro - 48 horas de sol - sem escurecer jamais - sem nunca acordar de dormir nos braços do meu sol. Hoje não verei meu amor - mas sei que atrás do eclipse - ele está brilhando por mim! Esperando por mim com vinho, queijo e o melhor beijo! Amanhã serei do meu amor.

COISAS DE NÓS DOIS

Olho no olho, depois - no beijo - a mão que ensina o caminho. As peles tão iguais - os pelos - o desejo saciado. Olha que eu vou, hein! Então Venha! Fui. Havia arco-iris quando cheguei. Surpresa: damasco, kiwi e morango De novo o beijo - ah, o beijo! Medo seu - medo meu - fiquei - parti Escondidinhos Medo meu - eu vou embora! Voltei! Doente - tanto cuidado Toma tudo! Limão faz bem! Amor no chuveiro, amor na cama Abraço na moto - passeio no lago Podíamos ter uma casa aqui um dia! Acho que prefiro o mar! Mais escondidinhos De dia sozinho - na minha casa sua Agora tinha escorredor - tinha café Tinha até pano de prato Mas o coador não encaixa Macgyver resolve Pub a pé? Nem pensar! Gostei de andar até o pub! Gravata do noivo + sapato da noiva! Vamos fugir desse casamento! Não dá para entrar no clube! Dá sim! Não é que deu? Comendador Gomes Galinha caipira na cidade pequena x Galinha caipira na cidade grande Difícil não chorar na rodoviária Difícil não largar

PARCEIRO DAS SOLIDÕES

Por que, de repente,  é tudo tão pesado? Por que a menina que habita os olhos teus deu-me as costas de repente? Por que o ninho do passarinho não protege o passarinho da chuva nem do sol nem do predador? Tudo agora é presa na boca aberta do predador - sentado na esquina - paciente, resignado, indiferente - esperando que tudo acabe para levantar, vir até mim, sentar ao meu lado e me chamar de parceiro das solidões. Por que, depois de arrancadas as unhas, os dedos ainda pensam que elas lá estão e se sentem no direito de apontar caminhos, de furar histórias, de roer-se, enfim? Saber do que sei de mim não vale mais. Mais me valeria o valor imensurável do silêncio certo, da pausa perfeita. Os acordes não fazem a canção - só o silêncio pode a melodia revelar - sem o silêncio somos todos surdos pendurados em pêndulos eternamente indo e eternamente vindo sem jamais sair do lugar.

TANTO QUE TANTO

Ainda hei de me conhecer um dia. Sei apenas das partes de mim - não do todo. V ivo esbarrando nas paredes de mim - vivo esbarrando nos que insistem em mim Quase tempestade, quase ressaca - na boca gosto de de sufoco Ainda hei de me olhar nos olhos de olhos bem abertos - e depois hei de cegar os olhos e de olhos cobertos - perder-me de mim de novo só para de novo me encontrar Pois está na busca não no encontro está na ida não na chegada o conhecer-me tanto que tanto quero

PEDAÇOS

Quando eu juntar os espelhos todos, em qual serei eu a me olhar a mim? Em qual me perdi no atraso de um segundo - em qual chegarei antes do fim? Quando estilhaços refletidos no chão da sala eram o melhor de mim Eu era tantos - eu era as tintas pintando na cara um sorriso de sim E depois do sim - juntarei num pedaço - os pedaços do que fomos, enfim 

O que falta em mim

O que falta em mim sobra tanto em ti - completa-me, ensina-me a amar - seja o mestre nas coisas do amor e eu prometo, em troca, dar-te em dobro o que me sobra: o carinho antes de dormir, o último beijo - as costas lavadas no banho - a voz desafinada que canta nossa canção - os poemas filhos nossos - o café feito sem medida - o abraço na estrada - a mão que contorna o rosto seu - a comida que não fiz,  o medo de errar, de te perder. Prometo dar-te todas as minhas manhãs, nossa alegria no tobogã e os banhos de chuva que eu tomar. Sopra em minha boca teu sopro só para eu ter com o que respirar quando fico assim tão longe e me traga flores todos os dias - flores nos seus olhos, porque essas não têm espinhos, só perfume e mordidas. Deixa nascer em nós um pezinho de amor - adubo, água, ternura - e quando for árvore grande que seja uma floresta inteira a nos habitar.

JANEIRO

Quero um ano inteiro de janeiros. Quero anos inteiros só de janeiros. Que todo dia seja ano novo. Que, no céu, fogos de reveillon iluminem as noites todas dos meus dias de janeiro. De repente toda canção foi feita para nós, todas elas te cantam nossa história e me contam dos teus dias sem mim. E todo arco-íris que vejo tem uma cor a mais: o moreno da tua pele morena. Quero um ano inteiro de janeiros. Quero as estações todas misturadas no cheiro do teu corpo suado: verão de me queimar os lábios, inverno de gelar meu sangue de prazer, primavera de me trazer flores no almoço e outono de anoitecermos juntos numa estrada a cem por hora. E agora o que fazer comigo quando vais embora de mim? O que dizer aos meus lábios que só querem beijar? E o que dizer ao meu corpo em chamas voando baixo nesta cama imensa em que já não posso dormir? Quero mil anos feitos todos de janeiros e janeiros eternos só para que me conte histórias de tuas idas e vindas pelo mundo sem cor de antes de me conhecer, pa

GIVE ME KISSES

O que fazer se te ver não basta? Se passa da meia-noite e ainda é dia no eterno pôr-do-sol do meu olhar que te lacrimeja devagar nesse eterno entardecer? O que dizer sem palavras? Hoje quando ouvi teu choro ao telefone senti a inércia dos planetas, a impotência dos mares diante dos maremotos. Ouvi teu choro e só ouvi porque é tudo que nossa distância me permite fazer. Quis romper as dimensões, rasgar os espaços nos mapas que nos afastam. Quis desmanchar os trópicos, reverter a ordem das horas. Pedir demissão e gritar no meio da reunião que estou indo embora viver de uns braços que me saciam as sedes todas e todas as fomes. Gritar que é de amor que vou dar aulas e só. Quis parar o carro no meio da avenida, buzinar uma canção apaixonada - dizendo que está fazendo falta - parar o tráfego e dizer que tudo não vale nada - que só me valem teus olhos, tua boca dizendo give me kisses, teu beijo que me ensina as línguas que nem sei se existem - teu peito onde morei a vida toda e nem sabia. Mas

TEU

Na primeira noite em que fui teu duas taças, frutas e uns beijos de me perder de mim. Depois ou antes ou durante - não sei - do eclipse em que me transformei, fizemos a cama incendiar - e às vezes as vozes se excediam num excesso de explosão. No aeroporto - a cidade inteira dormia e nós decolando nos bancos do carro - meio medo meio desejo - meio amor feito, meio amor por se fazer. Não dormi nos teus braços porque teus braços não eram de dormir ainda, eram braços de enlouquecer, eram braços de me enluarar ainda que sem lua e sem ar. Na segunda noite em que fui teu - fomos de outros, primeiro: dos pesos que levantamos, do banheiro em que - escondidinhos - nos beijamos. Um cadinho de conversa, um dedo de prosa, um medo de doer demais e a vontade de desfazer tudo e fugir e ficar bem quietinho encolhido num cantinho da vida - escondido da própria vida - só para não doer quando a dor chegar. Em casa - fui teu - ah, como fui teu! Com que entrega fui teu! Que força, que fome! De tal forma te

ANO NOVO FELIZ!

Ele estava mais alto - santo no altar, estátua de si mesmo - parado, perfeito - esperando por mim. Depois dos artifícios dos fogos do ano novo, eu - já sem artifícios me aproximei devagar, dizendo assim com um olhar no canto dos olhos: que lindo! Ele me olhou e me sorriu e me aceitou em seus braços como terra seca que aceita a chuva, como areia quente que aceita o mar. Eram braços de me levantar do chão, de me levitar ao céu, de me arrancar de mim. Braços dois que eram milhões. E era com os braços e com as mãos e os lábios que tudo em nós se beijava como eclipses emudecidos - umedecidos - os poros, os pelos, os polos de nossos nós amarrados - amordaçados. Depois de afogados no beijo que durou o tempo de muitos tempos foi o corpo que se quis - o corpo que se deu, que se possuiu, que se perdeu dentro do outro. No mistério do prazer que um corpo pode a outro oferecer, nós dois fomos um por um instante. Seu gozar foi o meu e o meu mar de olhos fechados foi um louco maremoto intenso e sem f