E quando ele quer se confessar, aonde vai? E quando se arrepende como faz?
Quando sente medo a quem recorre? Em que altar em que terreiro seu santo dorme?
Vive triste desde que perdeu a fé Às vezes ensaia uma oração, um pai-nosso que estais no céu e já nem se lembra do final. Anda velho de si mesmo, cansado do que não há vazio do que não vê.
E quando quer ficar sozinho? quando quer dormir, ficar quietinho... Ou quando quer brincar, dançar, beber, beijar, ser feliz?
Tem pensado em ser ateu Em virar monge, plebeu ou mudar-se pra uma aldeia bem no meio da História - nem passado nem presente - só o poente haverá. Eternamente poente o sol o homem e o céu.
E quando ele estiver velho e já perto de morrer, quem vai lhe consolar as últimas dores? Quem vai lhe convencer a morrer em paz prometendo-lhe que existe vida depois da eternidade?
Se ele é Deus, o que será dele quando precisar pedir perdão? O que será dele quando morrer sem extrema unção? O que será dele, morto, ali, sozinho, nu e sem caixão? E a quem ele vai reza…