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Mostrando postagens de outubro, 2012

Aos 110 anos do nosso maior poeta

Ah, se viver fosse só drummondear! Pedras nunca seriam problemas, Josés nunca seriam só Josés e a vida... Ah, a vida, como seira linda! Seria um verso, uma poesia. Se viver fosse drummondear, nunca haveria morte! Pois Drummond já nasceu - assim - eternamente!

PORQUE, ÀS VEZES, CHOVE EM MIM.

Precisei cerrar a janela porque a chuva – que cantava uma valsa no telhado da varanda – teimava em querer cantar no meu quarto. Mas só a janela de vidro fechei – mesmo que mais distante – queria ouvir, ainda, um pouco da canção e queria ver seus lábios valsando as notas enquanto seus gestos desenhavam, no encontro entre céu e terra, um quadro simbolista todo feito de cristais. De vez em quando o trovão, com sua voz de barítono, vem acompanhar a chuva – que deve ser soprano, às vezes, às vezes não. Es s a chuva que agora deixei lá fora não me molha a cama nem as roupas no guarda-roupa nem o retrato no criado mudo – mas ela, mesmo lá fora, ainda me molha por dentro a alma - e de tanto me molhar a alma, às vezes, transborda pelos meus olhos. É quando eu chovo, então, minha própria melodia.

DNA

CANÇÕES

Luares e mares e lugares perdidos letras, canções palavras vividas contidas num tempo além do canto e da voz Hoje me quero paisagem nascente e foz de mim mesmo sentir na pele uma fragrância nova e na manhã talvez um novo começo Canções que se murmuram versos com alma de bailarino notas que voam mansas dentro da mesma e sempre desmaiada melodia Luares e mares e lugares perdidos letras, canções palavras vividas contidas num tempo além do canto e da voz

SUA BOCA EM MEU PRAZER

Acordar assim com sua boca em meu prazer a me engolir inteiro duro na maciez da boca sua ver-me desaparecer ver-me surgir entre seus lábios só para me ver sumir de novo até jorrar o que te sacia ainda mais que a mim Dar-me prazer, eu sei, é o seu prazer maior Ter-me, assim, tão seu, tão dentro do seu Quero tudo - diz com o olhar - cada gota quero quente em mim - agora Acordar assim com sua boca a me dar prazer quero morar na pele da sua garganta e inundar por dentro como quem afoga como quando você me afaga suave enquanto me lambe e me morde leve onde sou mais sensível - mais homem mais menino e sentir um pouco mais sua língua contornando meu prazer Nem preciso entender o que é mais forte que o tempo. Agora só quero meu prazer morando na boca sua.

JULGO

Aos que me julgam de fora - meu desprezo e meu asco. Julgar-me assim é me esvaziar - é me resumir em poses de manequim avesso  - em risos que se murcham - em caras pasteurizadas. Julgar-me assim é negar-me os tropeços e os arranhões. Julgar-me de fora de mim - desprezo e asco. Desafio quem ousaria me julgar caminhando nos meus passos, chorando no meu olhar - existindo preso, amarrado - eternamente - dentro de mim. Quero ver quem tem coragem de ser eu e depois me olhar nos olhos e me condenar. Asco e desprezo - eu me julgo assim - mas posso - pois me julgo de dentro de mim.