Ele estava mais alto - santo no altar, estátua de si mesmo - parado, perfeito - esperando por mim. Depois dos artifícios dos fogos do ano novo, eu - já sem artifícios me aproximei devagar, dizendo assim com um olhar no canto dos olhos: que lindo!
Ele me olhou e me sorriu e me aceitou em seus braços como terra seca que aceita a chuva, como areia quente que aceita o mar. Eram braços de me levantar do chão, de me levitar ao céu, de me arrancar de mim. Braços dois que eram milhões. E era com os braços e com as mãos e os lábios que tudo em nós se beijava como eclipses emudecidos - umedecidos - os poros, os pelos, os polos de nossos nós amarrados - amordaçados.
Depois de afogados no beijo que durou o tempo de muitos tempos foi o corpo que se quis - o corpo que se deu, que se possuiu, que se perdeu dentro do outro.
No mistério do prazer que um corpo pode a outro oferecer, nós dois fomos um por um instante. Seu gozar foi o meu e o meu mar de olhos fechados foi um louco maremoto intenso e sem fim.
No mistério do prazer que um corpo pode a outro oferecer vivi mil vidas desmaiado nuns braços que agora não me deixam ser um só de novo.
Esse eu posso dar uma opinião: Gostei.
ResponderExcluirAchei intenso, forte, marcante, direto, temático, sensual, marítimo, etc... tudo que eu gosto.
Beijão
BRUNO SOARES DE OLIVEIRA