Na primeira noite em que fui teu duas taças, frutas e uns beijos de me perder de mim. Depois ou antes ou durante - não sei - do eclipse em que me transformei, fizemos a cama incendiar - e às vezes as vozes se excediam num excesso de explosão. No aeroporto - a cidade inteira dormia e nós decolando nos bancos do carro - meio medo meio desejo - meio amor feito, meio amor por se fazer. Não dormi nos teus braços porque teus braços não eram de dormir ainda, eram braços de enlouquecer, eram braços de me enluarar ainda que sem lua e sem ar.
Na segunda noite em que fui teu - fomos de outros, primeiro: dos pesos que levantamos, do banheiro em que - escondidinhos - nos beijamos. Um cadinho de conversa, um dedo de prosa, um medo de doer demais e a vontade de desfazer tudo e fugir e ficar bem quietinho encolhido num cantinho da vida - escondido da própria vida - só para não doer quando a dor chegar. Em casa - fui teu - ah, como fui teu! Com que entrega fui teu! Que força, que fome! De tal forma te senti que teu corpo inteiro coube no espaço da minha respiração desritmada, do meu corpo gelado de repente, do meu grito mudo de ser tão possuído e tão possuidor.
Na terceira noite em que fui teu cá estou a te escrever, a te eternizar, a te transformar em letras, em palavras que, imitando nossa entrega, confundem-se e se misturam e, às vezes, de tanto suor, parecem uma coisa só: uma enchente, um maremoto.
Estou aqui e não te tenho por perto para me abrir a porta, para me escrever bilhetes no papel da mesa, para me comprar doces e queijo, para me pegar no colo e para respirar alto para me lembrar que está ali, ao meu lado, respirando por mim - para mim.
Na quarta noite em que serei teu - será que serei teu para sempre?
Hum...difícil descrever: gostei.
ResponderExcluirAcho que essa nova fase do blog mudou a maré: está mais apaixonada, submissa sem se perder de si mesmo, aquática, marinha, translúcida, temática, tudo que eu quero e gosto...
Quem foi que te deixou assim?
pergunta besta que nem deve ser respondida, estou vendo aqui, na leitura das ondas.
Beijos e boa semana.
BRUNO SOARES DE OLIVEIRA