Fiquei ali - parado diante do volante - parado diante de mim. A rua era uma rua qualquer e ela seguia sem mim. Havia pessoas e havia barulho - tudo lá fora - bem longe de mim.
Fiquei ali - parado diante da vida - parada diante de mim. Perdi a direção. Capotei minha vida em uma curva qualquer e agora estou parado diante da metade de mim que está presa nas ferragens.
Cada vez que o telefone tocou em vão sem sua voz para me contar quem sou morri um pouco mais. Agora estou aqui parado diante do volante parado diante de mim.
Lá fora anoitece o dia sem tempo para me levar junto, enquanto o telefone me aguarda impaciente no banco onde antes havia você com a mão nas minhas pernas.
Se eu não fosse dono de mim por um minuto acelerava o carro e não parava enquanto não ouvisse sua voz ao telefone. Se eu fosse mais dono de ti não te deixava me tratar assim. Se não fossem tantos 'ses' seríamos apenas dois companheiros na simples companhia um do outro - o que ri e o que faz rir, a ovelha e o palhaço. Felizes como quando seus braços me abraçam para dormir.
No meu dicionário, aliás, felicidade se escreve com dois 'elles' - fellicidade!
Me senti assistindo a essa cena... fellicidade para todos nós!!!
ResponderExcluirAbraço!
Queria escrever algo sobre esse post, mas deu um branco na hhora;
ResponderExcluirEstou com amnésia hoje...só lembro que achei triste, decadente...eu perdido e solto de mim mesmo
BRUNO SOARES DE OLIVEIRA
Oi Professor querido !!!
ResponderExcluirComo sempre estamos passando para te dizer que não te esquecemos NUNCA ! Saudades eternas !!!!
Beijos no seu coração !
Teresa e Eder.
Curado enfim da amnésia, posso comentar melhor:
ResponderExcluirContinuo achando decadente, mas com um toque de decaance avec elegance...
Perdido e solto de mim mesmo que só é preenchido pelO outrO.
Também me senti o protagonista desse maravilhoso texto; o prazer da fellicidade e a dor das ferragens e da ausência da voz da pessoa...
Sem mais...muito bom
BRUNO SOARES DE OLIVEIRA
EXTRAS: Novidades: aparelho+pós+escrevendo o romance há tanto tempo projetado
Impressionante onde um por-do-sol pode nos remeter...Lyia Fagundes Telles foi bem dark, enquanto você mistura a pertubação com a esperança. Muito bonito. Seria porque o por-do-sol é, de certa forma, o fim? Um momento decisivo daquele determinado dia em que se espera uma atitude para aquilo que nos incomoda? Talvez seja muito Poliana, mas para mim, por-do-sol é sempre uma coisa boa. É o alívio de ter aproveitado mais uma dia, e a esperança de que sempre há o amanhã para consertar os erros do hoje.
ResponderExcluirIncontestável a beleza em sua maneira poética de ver a felicidade. Dois 'elles'. Fiquei aqui maquinando por um tempo, tentando achar algum cálculo, alguma fórmula que comprovasse sua afirmação... E foi então que percebi que você está certo, ainda que tenha errado a conta. Felicidade, na prática, precisa de dois "elles". Mas a fórmula é mais simples do que você podia imaginar: "El + Le = elle". Por isso escrevemos com um "elle" só...
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