E agora você me vem falar de abismos
como se eu não os carregasse comigo...
E agora você me mostra jornais,
me interroga falácias
e me carrega no bolso por onde foge
Não.
Não quero seu semblante
ferro de passar mentiras
nem quero a sua pausa
bala sem nenhum gatilho
Valha-me deus -
de pernas cruzadas
no fim do corredor -
com selo e carimbo nas mãos
Valha-me a pele da lontra
que a mulher feia
exibe no ombro
pra menos feia parecer...
E nas vitrines tantas vozes sem cara
corpos nus embaixo de vestes cruas
e tudo isso e nada
e cada coisa é um mundo inteiro
Não.
Não me venha falar de lìnguas
à míngua de beijos,
sem verso
sem calo...
de nada valem as pernas cruzadas
a pele da lontra
e a ponte no abismo
se o que fica depois do gozo
é seu gosto na minha carne
- convulsa carne
dos meus seios tão nus -
feito a fome dos canibais
feito o medo
do estuprador
meu sexo inteiro te quer engolir agora:
linha tênue do seu ser poente
minha fêmea no seu cio ardente...
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