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MEU PAI DE UM DIA FELIZ


(Poema em homenagem ao meu avô/pai Octacílio, publicado no jornal da minha cidade em 1997. Hoje, dia 04 de abril de 2013, ele faria 99 anos)



SE UM DIA FUI FELIZ
FOI NO SEU ABRAÇO
SE UM DIA SOFRI
FOI NO SEU ADEUS

DE REPENTE É UMA TARDE DE SOL E VENTO
MOMENTO DE PRECE E SOLIDÃO

AINDA SINTO NA PELE
UM ROÇAR DE BARBA BRANCA
E UMA TRÊMULA MÃO
 ME APONTANDO O MUNDO
PELA JANELA DO FUNDO
DO QUINTAL ONDE UM DIA
FIZEMOS NOSSA FAZENDINHA

E ÍNDIOS E COWBOYS
E CARRINHOS E PESSOAS
SE MISTURAM NA BRINCADEIRA
SAO BALOES DE SAO JOAO
É CANTIGA
É BAIÃO

FOI TODA UMA HISTÓRIA
D´UM HOMEM QUE TREPAVA EM ÁRVORE
ENGANAVA BRUXA
E ERA HERÓI

E TANTO DOEU QUE UM DIA SE FOI
NÃO AQUELE DA HISTÓRIA
MAS AQUELE MEU.

MEU HERÓI

AQUELE DE BARBA E COWBOY
QUE ME ESCOLHEU
PARA AMÁ-LO,
E COMO SE POSSÍVEL FOSSE - ETERNIZÁ-LO.





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CASULO

A cara no quadro na parede da sala da casa da rua Antônio Bezerra da cidade de São Paulo no Estado de São Paulo no Brasil na América do Sul no hemisfério sul no planeta terra no sistema solar na via láctea no universo... este mísero, ínfimo, infame, faminto universo fêmea em que a cara está presa pra sempre no quadro preso pra sempre na parede presa pra sempre na casa presa pra sempre na rua que prenderam pra sempre a um nome cujo dono ela nem conheceu - nem ela nem eu. Eu que olho minha cara presa na cara presa no quadro da parede que vai, aos poucos, ficando velha como o resto todo deste universo fêmea, faminto, infame, ínfimo e mísero em que me encontro sem espaço pra sobreviver a mim e a expansão do que há dentro em mim. Em mim, não no quadro nem na parede nem na casa nem na rua, muito menos no Antônio que emprestou o nome à rua que aprisiona a casa que aprisiona a parede que aprisiona o quadro que aprisiona a cara que aprisiona eu.

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