Nem podia imaginar que as combinações químicas da dona Cleide podiam ser tão simples se comparadas a entender o que se passa em minha mente em um simples segundo de pensamento.
Também não imaginei que as datas das guerras todas e os nomes dos generais que as ganharam e as perderam pudessem ser tão mais fáceis de entender do que o que sinto aqui sozinho comigo mesmo agora, por exemplo. Isso para não falar da descomplicação absurda da Geografia, Biologia, Filosofia, Sociologia, Arte, Inglês - diante da mais aparentemente simples das questões de qualquer prova: Quem sou eu?
Pior é pensar nas análises de todas as orações subordinadas subjetivas, adverbiais e adjetivas da Dona Gildete, da dona Rita e do Marcos juntas, que não chegam nem perto das complicações de uma simples sessão de terapia comigo mesmo em frente ao espelho que não vejo todo dia quando acordo, mas sei que está ali sempre me olhando.
Este mesmo espelho que está envelhecendo junto comigo há tantos anos e que me olha desconfiado - assim - de dentro pra fora. E me diz coisas que eu não entendo e me pergunta coisas cujas respostas não estão nos teoremas nem nas fórmulas - que hoje me parecem tão banais - da Física do professor Nelsinho.
Este meu espelho inquilino devedor que não paga aluguel nem condomínio e que não posso despejar gosta de me lembrar coisas de quando éramos bem pequenos - ele e eu - e eu ainda nem pelos tinha - e eu ainda corria pela rua sem compromisso algum em chegar na hora certa. Corria, mesmo, só por correr.
Este espelho, uma dia ainda o quebro. Estou tentando. Foram comprimidos demais, foram cortes demais, foram ruas demais. E quem sabe, um dia, eu não o estilhaço em um milhão de pedaços lá do viaduto do Chá? Sei que não é nada original. E daí? Ninguém mais é original depois que o Pelé teve o atrevimento de cantar com a Elis Regina.
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