Faz dias já que nem me reconheço mais
cá de dentro do meu silêncio
turvo onde jaz
a palavra-porta que, aberta, é cais
fechada é retrato-mudo
fadado
ao lilás da parede lilás
que cerca... que nutre, mas
cega
E de mim para mim fechou-se à chave
a porta de trás
não a que nunca se abriu,
mas só a que sequer existiu...
Agora a porta escancarou
o retrato-mudo mudou
e a parede
própria desprendeu-se - já...
Agora a fotografia revelou
o que o olhar que nela está a se olhar
por tanto tempo cegou:
- revelou que no olhar
atrás do olhar
existe uma pirâmide, uma prisão
um quarto
vazio um assobradado
E dentro um homem espelho carne
assombrado por outra identidade
nos olhos outro cartão postal e
digitais outras nos dedos mesmos
nele, tudo é outrem tudo
ontem...
tudo assombra
nele tudo
sobra tudo
sombra.
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