Pular para o conteúdo principal

A PAUSA EM "POR TUDO AQUILO QUE O TEMPO NÃO CURA






Uma amostra do que vem no meu livro - "Por tudo aquilo que o tempo não cura" - já disponível para pré-venda no site da editora Patuá - link abaixo.





A pausa


De tanto me esquecer pelos cantos da vida – vejo que sobro. E esta sobra em que me transformei não tem reflexo nem conteúdo – só caminha passos velhos numa estrada sem curvas que jamais começa nem acaba.
Dei de acreditar que a vida é só uma pausa – enquanto a morte não vem. 
Cá estou eu agora deitado no abismo, solto e preso no labirinto do que penso – tentando inventar uma curva na estrada de passos velhos.
Meus caminhos são outros, minha cara nem é esta, meu semblante – esqueci na primeira gaveta do criado mudo - e meus olhos piscam améns antes de dormir. De que adianta uma ponte no meio da estrada? – e de que adianta toda esta estrada se a vida é só uma pausa enquanto a morte não vem?






Leandro Luz







Comentários

  1. Olá, Leandro
    Gostaria de saber se te agradou o trabalho da Editora Patuá. Também penso em publicar com eles. Grande abraço e sucesso com o libro!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sim, Munique, me agradou muito o trabalho da Patuá. Eles são muito criteriosos na seleção dos autores, extremamente cuidadosos no processo de editoração, muito competentes com o processo de diagramação. Têm um ótimo artista plástico que cuida da capa e de todas as ilustrações. Enfim, eu estou muito feliz com o livro e com todo o processo.
      Muito obrigado. Apareça no lançamento. Ainda não temos uma data nem um local, mas quando definirmos, eu aviso.
      Abraço e boa sorte com o seu livro também!

      Excluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

MORMAÇO

Não sinto falta de mim  quando me despedaço e vou Sinto que sobra espaço no que me fica quando me despeço e voo e se a palavra sair calada não espanta, apanha o silêncio e escuta vigia meu sono devagar e não me deixe nunca perder seu rastro perder seu signo no mormaço - saciado cio - do nosso olhar: altar do meu sair  sempre pra fora de mim...

JANEIRO

Quero um ano inteiro de janeiros. Quero anos inteiros só de janeiros. Que todo dia seja ano novo. Que, no céu, fogos de reveillon iluminem as noites todas dos meus dias de janeiro. De repente toda canção foi feita para nós, todas elas te cantam nossa história e me contam dos teus dias sem mim. E todo arco-íris que vejo tem uma cor a mais: o moreno da tua pele morena. Quero um ano inteiro de janeiros. Quero as estações todas misturadas no cheiro do teu corpo suado: verão de me queimar os lábios, inverno de gelar meu sangue de prazer, primavera de me trazer flores no almoço e outono de anoitecermos juntos numa estrada a cem por hora. E agora o que fazer comigo quando vais embora de mim? O que dizer aos meus lábios que só querem beijar? E o que dizer ao meu corpo em chamas voando baixo nesta cama imensa em que já não posso dormir? Quero mil anos feitos todos de janeiros e janeiros eternos só para que me conte histórias de tuas idas e vindas pelo mundo sem cor de antes de me conhecer, pa

A VOZ

Onde está sua voz para ler meus poemas? De nada me valem os poemas se não tenho voz para lê-los. Pobres poemas ófãos - eles desconfiam de seu adeus e já não querem mais rimar. Pobres poemas órfãos! Ontem enquanto me lia para mim - e eu ouvia sua voz a me contar coisas de mim - esqueci que o tempo existe e que os amores nem sempre resistem. Ouvir sua voz é assim: decifra-me enquanto me faz esquecer das coisas, do mundo e de mim. Onde está sua voz me revelando devagar? Onde está sua voz que me morde e me arrepia quando diz meu nome sem falar?  Um eco ao menos, deixe-me um eco quando gritar meu nome antes de dormir.