Sei que sou só um aprendiz velho em busca de sensações já quase esquecidas...
Estou aqui dentro do baú do quarto dos fundos.
Dele tirei todas as fotos antigas - lamentei pelas muitas que rasguei. Prematuras lembranças mortas nas caras que rasguei. Toco nelas. Esfrego-as contra a minha face. Tento furtar-lhes, talvez, um resquício de odor - só bolor, certamente, desses anos todos - trancadas.
As fotos se desmoronam quando não as olhamos sempre, são como ilhas que se afundam de tristeza se o mar as abandona na maré baixa. Pensam os tolos que é a maré subindo - qual o quê - é a ilha que se derrete em sua própria solidão.
Sou dessas ilhas agora. Cá estou eu dentro do baú das minhas memórias já sujas, emperradas - com calos no canto dos olhos - e doloridas quando nelas se pisa.
Estou em busca daquilo que senti a primeira vez que comi algodão doce com a Aninha da dona Rosa quitandeira.
Era tão doce.
Tão doce o algodão doce e a Aninha e a dona Rosa quitandeira e a vida.
Ah! Era tão doce!
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