Pular para o conteúdo principal

METADES

Hoje me deixei possuir. Inteira
Inteira não. Não inteira
Hoje me deixei possuir.
Só parte de mim inteira, outra parte não

Só meu corpo ardendo inteiro
Só meu anseio num roçar de quase beijo
Só o que meus lábios tocaram sem pedir
Só, a língua minha se deixou lamber

Hoje me deixei possuir. Inteiro.
Não inteiro. Inteiro não.
Hoje me deixei possuir
Só parte de mim inteiro, outra parte não.

Fechei os olhos para ouvir
-Abre a boca inteira
E me engole inteiro.
Inteiro não. Não inteira
Abri.

E um gosto suado de pele com pele
E um cheiro molhado de corpo mordido
Pedaço pelado é só o que quero
Só uma parte me interessa. Uma parte
Pois só a parte me possui inteira
Pois só à parte me devolvo inteiro.

Comentários

  1. Adoro essa coisa de ser possuido e lógico de possuir mais ainda...rsrs

    Daniel Galindo

    ResponderExcluir
  2. "E um gosto suado de pele com pele
    E um cheiro molhado de corpo mordido
    Pedaço pelado é só o que quero"

    Loved it...

    Erick...

    ResponderExcluir
  3. Pronto! Vim comentar; Mais pela atitude da presença que por inspiração em escrever.

    Gostei bastante; Tem aquela questão do masculino e feminino, a fração[metade/inteiro] e outras coisas ousadas...

    Eu, sou defensor do inteiro, não consigo ficar em cima do muro: ou é inteiro ,ou não é parte alguma. A doação é completa e total.
    Eu defendo o ser ou não ser; Defendo a afirmação, defendo o ciclo, o percurso, a volta completa...
    Sou 8 ou 80. AMO ou odeio;
    Não tem jeito, sou assim.
    Nem Freud dá um jeito nesse aqui.
    Talvez um novo amor dê.

    Nesse caso amei e antecipo que os romances que pretendo escrever tem esse tom obsceno e delicado, safafinho e ousado...
    Só toma cuidado pra não dar 'ataque' nos leitores...eu mesmo tenho algumas coisas que não vem ao caso...

    Muito bom.

    Beijos e abraços à todos [ao blogueiro, aos leitores, fãs e seguidores do blog.]

    BRUNO SOARES DE OLIVEIRA

    ResponderExcluir
  4. OLÁ PROF° LEANDRO,ADOREI SEU BLOG ESPERO QUE ME PASSE SEU EMAIL PARA QUE EU POSSA TE ADD NO MEU ORKUT.FICA COM DEUS E ATE SEXTA...

    ResponderExcluir
  5. Uau... me senti no poema, lembrei de momentos ... rsrs...
    muito legal, amo esse tipo de poesia, tem de ter mais poemas assim, OUSADIA... AMO!
    Ai escreve mais; escreve!?!?! rsrs... kisses.


    Joice Souza Melo :)

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

MORMAÇO

Não sinto falta de mim  quando me despedaço e vou Sinto que sobra espaço no que me fica quando me despeço e voo e se a palavra sair calada não espanta, apanha o silêncio e escuta vigia meu sono devagar e não me deixe nunca perder seu rastro perder seu signo no mormaço - saciado cio - do nosso olhar: altar do meu sair  sempre pra fora de mim...

JANEIRO

Quero um ano inteiro de janeiros. Quero anos inteiros só de janeiros. Que todo dia seja ano novo. Que, no céu, fogos de reveillon iluminem as noites todas dos meus dias de janeiro. De repente toda canção foi feita para nós, todas elas te cantam nossa história e me contam dos teus dias sem mim. E todo arco-íris que vejo tem uma cor a mais: o moreno da tua pele morena. Quero um ano inteiro de janeiros. Quero as estações todas misturadas no cheiro do teu corpo suado: verão de me queimar os lábios, inverno de gelar meu sangue de prazer, primavera de me trazer flores no almoço e outono de anoitecermos juntos numa estrada a cem por hora. E agora o que fazer comigo quando vais embora de mim? O que dizer aos meus lábios que só querem beijar? E o que dizer ao meu corpo em chamas voando baixo nesta cama imensa em que já não posso dormir? Quero mil anos feitos todos de janeiros e janeiros eternos só para que me conte histórias de tuas idas e vindas pelo mundo sem cor de antes de me conhecer, pa

A DOCE VINGANÇA DO ANJO CONTRA O TEMPO

(a Gabriel Garcia Marques) Muito tenho me inimizado com o tempo nos últimos tempos Muito tenho lhe lastimado as horas que me rouba Muito lhe amaldiçoo toda noite pela noite que se esvai de mim  Que cai pelo vão dos meus dedos vãos que de nada servem pois não podem segurar as areias do tempo na velha ampulheta do tempo escorada pra sempre na muralha das esperanças idas perdidas na ilha dos anteontens... Mas eis-me aqui, agora, diante de ti que não te lembras nem mesmo de ti teus cem anos de solidão tuas putas tristes teu cólera e todo o amor vivido em seu tempo E agora que tua memória vive em outro tempo? E agora, Gabriel, sem tua memória, em que tu pensas? E agora, como posso ler-te agora? Oh, como te invejo hoje mais que nunca! Como invejo o livre de tuas horas livres o sem-tempo de teu sem tempo teu presente sem nenhum passado teu passado sem nenhum futuro e teu futuro sem nenhuma pressa Ah, o esquecimento! Quão doce