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NÃO SER EU


Estou diante do outro que não sou eu
E nada há nele que o faça ser eu
Nada há
Ser eu é um castigo apenas meu


Estou diante do branco do pano branco
Na pele do homem com pano branco
E ele não sou eu

Estou diante do preto dos olhos do homem
Nos olhos do homem com olhos pretos
E ele não sou eu

Vivo diante dos que não sou eu
Distante de tudo que sou eu

Estou no olho que me olha
Mas não me vejo lá
Nem me vejo preso no olhar
Que habita preso em minha face

Olho outros olhos na estação
E nenhum deles sou eu
São olhos de olhar como os meus
Mas o olhar dos olhos,
Esse não é meu

Não ser eu
Alforria de me ver bem longe
E de me escutar cantando baixinho
No fim da fila depois da curva do caminho

Até a voz, meu Deus, nem a voz!

Vivo diante de tudo o que sou. Eu
distante de todos que não sou eu

Comentários

  1. Muito bonita sua mensagem Leandro, gostei do seu blog, voltarei outras vezes ...

    Bjux Niginga

    ResponderExcluir
  2. Adorei o blog Leandro.
    Parabens!
    Beijinhos e ate a proxima aula.
    E claro não esqueça do meu 1 ponto na media, hauahauahuahauahauahuahauahau, brincadeira!

    ResponderExcluir
  3. "Não ser eu
    Alforria de me ver bem longe
    E de me escutar cantando baixinho
    No fim da fila depois da curva do caminho"

    ...Loved...

    Erick A. Novaes

    ResponderExcluir
  4. 'Não ser eu
    Ato de encontrar a dona morte, lutar, vencer temporariamente, e voltar ao ser eu novamente.
    Não ser eu?
    Nunca! Prefiro a morte.
    Não ser eu
    Sonhos metafóricos e/ou desconexos
    Não ser eu
    Quando não tenho fome.
    Não ser eu
    Dar uma maça de presente de desculpa como quem jpga um flerte
    ...
    ..
    .
    [fim da criatividade para preservação do texto]

    Abraços

    BRUNO SOARES DE OLIVEIRA

    PS:Não te dei nada enfeitiçado ou estragado...fica tranquilo

    ResponderExcluir
  5. Não ser eu, é como estou me sentindo...
    Maravilhoso, tudo que hoje queria dizer e não consegui..

    Bjs

    ResponderExcluir

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CASULO

A cara no quadro na parede da sala da casa da rua Antônio Bezerra da cidade de São Paulo no Estado de São Paulo no Brasil na América do Sul no hemisfério sul no planeta terra no sistema solar na via láctea no universo... este mísero, ínfimo, infame, faminto universo fêmea em que a cara está presa pra sempre no quadro preso pra sempre na parede presa pra sempre na casa presa pra sempre na rua que prenderam pra sempre a um nome cujo dono ela nem conheceu - nem ela nem eu. Eu que olho minha cara presa na cara presa no quadro da parede que vai, aos poucos, ficando velha como o resto todo deste universo fêmea, faminto, infame, ínfimo e mísero em que me encontro sem espaço pra sobreviver a mim e a expansão do que há dentro em mim. Em mim, não no quadro nem na parede nem na casa nem na rua, muito menos no Antônio que emprestou o nome à rua que aprisiona a casa que aprisiona a parede que aprisiona o quadro que aprisiona a cara que aprisiona eu.

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