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Mostrando postagens de novembro, 2015

CONCERTO PARA UM SILÊNCIO

O que dizer... quando as palavras já nada dizem? Que nome dar... à dor inominável? Como continuar... quando o próprio ar... su  fo  ca ?

SENTIDOS

E ando eu cá em mim mesmo a esmo a desmoronar... sem nenhum olfato sem paladar sem peso e sem pesar sem rastro,  sem lastro e sem retratos do que ainda há de se tornar lembrança agora não há mais nada a me-morar

A TRAVESSIA

Percebe que há um pedaço de impasse no teu passo e uma ponta de lapso na outra ponta da ponte... Caminha até o outro lado da ponte e de lá - da outra ponta da ponte -  espia tu a te espiares de cá pra lá de lá pra cá... Não é preciso precisar o momento nem o espaço teu passo e teu presente - tudo preso na imprecisão do agora é tarde pra tomar sorvete é cedo pra tomar vergonha e é nunca pra tomar aspirina com champagne... Mas acorda antes do fim da ponte é importante É mister e salutar que acordes antes de dormir E que vivas, ainda que por instantes antes de morrer Sim, é deveras salutar lutar por estar aqui... deste lado do sempre - onde já se conhecem as dores e as cores - ainda que sejam sempre as mesmas cores e as mesmas dores. Do outro lado da ponte, vai que, por ironia circular... algum vazio pior que este te espera pra brindar... Ah, e finalmente... evita olhar a paisagem toda do lugar -  ela é por demais enganadora. E pode te fazer, de repente,

POR TUDO ISSO

Porque às vezes o passado não vem só nos visitar - ele vem, sim, nos pousar em nós...  E vem com malas, com pedrinhas que apanhou pelo caminho, com girassóis e cataventos. E, então, de hóspede soturno vai aos poucos virando inquilino...  E de repente, um dia, enfim, toma posse de tudo E vira proprietário dos nossos sentidos, dos nossos sentires...  Porque, às vezes, o passado simplesmente não passa...  por isso a poesia: por tudo isso há poesia.

ACÚMULO