Pular para o conteúdo principal

POR UM AMOR INTRANQUILO

Ando cansado de amores racionais - quero
- a sorte de um amor intranquilo -
um que me arranque do chão os pés - que de pernas para o ar
me arrebate - me arrebente
um que me seja enchente - me inunde  me alimente
Ando cansado de amores racionais -
quero - a morte de um amor intranquilo -
com sabor de boca mordida - de carne em carne viva - de pele derretida
quero um que me seja maremoto - que me naufrague e me afogue
quero distorcer a razão - esquecer lembranças -ser condenado ser pagão
quero não pensar não pesar - quero um amor de nunca aterrizar
um amor que me arranque de mim - que me ampute de mim me devore
que me estupre todos os dias e me desmaie de tanto não respirar
quero cegar quero secar salivas em línguas que me invadem me irrigam
Preciso amar como quem mata e quem confessa - com o alívio do réu e o desespero do réu
Preciso amar agora como se nem houvesse o agora e nem o depois e nada senão amar
Preciso desmaiar - desabar - desmoronar os museus que me habitam...
Arrancar calos - calar cílios - selar lábios - preciso
perder qualquer norte qualquer tempo qualquer morte
Preciso amar até esquecer -
- esquecer línguas, esquecer nomes - leis
até esquecer meu corpo jogado sobre o seu dentro do meu
Até virar um milhão - estilhaçar-me em braços e suores e cheiros
Cansei de amores racionais - quero
o fogo infernal de um amor intranquilo.

Comentários

  1. Intenso...como o fogo ardente do signo de Sagitário...gostei. Onde compro???

    Jupiter star power, MAKE UP!!!!

    Beijão e boa semana

    BRUNO SOARES DE OLIVEIRA
    PS:Em Outubro começo minha pós em tradução...
    PS2: Amanhã[20] colocarei aparelho nos dentes
    PS3: Qualquer hora te ligo para batermos um papo, ok?

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

MORMAÇO

Não sinto falta de mim  quando me despedaço e vou Sinto que sobra espaço no que me fica quando me despeço e voo e se a palavra sair calada não espanta, apanha o silêncio e escuta vigia meu sono devagar e não me deixe nunca perder seu rastro perder seu signo no mormaço - saciado cio - do nosso olhar: altar do meu sair  sempre pra fora de mim...

A VOZ

Onde está sua voz para ler meus poemas? De nada me valem os poemas se não tenho voz para lê-los. Pobres poemas ófãos - eles desconfiam de seu adeus e já não querem mais rimar. Pobres poemas órfãos! Ontem enquanto me lia para mim - e eu ouvia sua voz a me contar coisas de mim - esqueci que o tempo existe e que os amores nem sempre resistem. Ouvir sua voz é assim: decifra-me enquanto me faz esquecer das coisas, do mundo e de mim. Onde está sua voz me revelando devagar? Onde está sua voz que me morde e me arrepia quando diz meu nome sem falar?  Um eco ao menos, deixe-me um eco quando gritar meu nome antes de dormir.

A DOCE VINGANÇA DO ANJO CONTRA O TEMPO

(a Gabriel Garcia Marques) Muito tenho me inimizado com o tempo nos últimos tempos Muito tenho lhe lastimado as horas que me rouba Muito lhe amaldiçoo toda noite pela noite que se esvai de mim  Que cai pelo vão dos meus dedos vãos que de nada servem pois não podem segurar as areias do tempo na velha ampulheta do tempo escorada pra sempre na muralha das esperanças idas perdidas na ilha dos anteontens... Mas eis-me aqui, agora, diante de ti que não te lembras nem mesmo de ti teus cem anos de solidão tuas putas tristes teu cólera e todo o amor vivido em seu tempo E agora que tua memória vive em outro tempo? E agora, Gabriel, sem tua memória, em que tu pensas? E agora, como posso ler-te agora? Oh, como te invejo hoje mais que nunca! Como invejo o livre de tuas horas livres o sem-tempo de teu sem tempo teu presente sem nenhum passado teu passado sem nenhum futuro e teu futuro sem nenhuma pressa Ah, o esquecimento! Quão doce