Ah, se eu fosse algum parnasiano Como seria bom viver! Ou fosse eu algum árcade ou bossa-nova! tudo forma todo molde Ah, como seria doce e como seria leve! Viver de brisa como vive a brisa e de orvalho como o próprio orvalho... Mas que nada... sou mais B arroco que Tropicália, mais B yron que João Gilberto... Como do tarô a morte o enforcado, a torre, o diabo... sou este ser assim pesado este avesso em si mesmo talhado este des mo ro na men to... um atraso, um ataque um pileque, uma ressaca... Este quase esquecimento de nomes e datas Este peso Este peso Se não fosse o peso do que sou se não fosse o peso... Ah, seria eu um poema a flutuar parnasiano numa praia lerda num postal ... antes da faísca, depois do Carnaval ... antes do cisto, depois ... bem depois do Natal
Ser seu é o que me faz mais eu Quando toco seus lábios com os meus E quando percorro o mapa do seu corpo me perco e me encontro... Quando mergulho no mar do seu amar E caminho na estrada dos seus braços Me entrego e me conheço... Quando deito na grama do seu peito Na paz do depois de nós dois Morro e revivo no mesmo instante Aquele em que os olhares se esbarram E um sussurro ainda sem ar... Diz e, ao mesmo tempo, escuta Um mesmo eu te amo em duas vozes Iguais e, ainda assim, dessemelhantes Mesmas e, ainda assim, inteiras... Não somos metades Somos plenos... Mas sei que quando sou seu Ainda mais pleno me sou Porque ser seu é o que me faz mais eu. #poesia #poema #poemadeamor #literatura